O chefe responde
terça-feira, junho 19, 2007
Por vezes dou por mim a pensar que me enganei no local de trabalho. No entanto, rapidamente desfaço as minhas dúvidas: a bagunça impera à minha volta, aquele ramo da macieira que não dá maçãs e se calhar não é mesmo macieira cresce a cada dia que passa, ameaçando rasgar o toldo a qualquer instante, e o taxista das barbas teima em ser servido pela porta das traseiras. Mesmo assim, apesar da bagunça, do ramo e do taxista, a dúvida volta, sob a forma de um fantasma.
Vindo do nada, um vulto surge à minha frente. Pede para me aproximar. Debruço-me sobre a banca, espalmando meia-dúzia de jornais. A curiosidade assola-me. E do outro lado, de rompante, sem autorização, sem passar pela casa da partida, segreda-se a confissão de um modo de vida, mascarada de pergunta: “Chefe... você sabe onde posso encontrar senhoras... você sabe?...”.
A não ser que o leitor seja proprietário de uma casa de alterne ou presidente de um certo clube de futebol, não o estou a ver suficiente preparado para um desafio deste calibre, tão simples e tão bem executado. Não há treino possível. Coloque-se em frente a um espelho e repita comigo, sem se rir: “Caro senhor, lamento mas não possuo informações suficientes para responder com precisão à questão que me coloca”, ou “Sei sim senhor! Você sai ali na 1ª à direita, segue sempre em frente, passa uma rotunda, passa outra, e na 3ª vira à esquerda. Segue em direcção a Chambeiras, passa para Lameças, e daí até à entrada para Conchadas, encontra dessas senhoras a pastar na berma da estrada” . Parece fácil, mas a verdade é que na oral todos chumbam. Como eu. Engasguei-me, tropecei na língua, e entre dois perdigotos cuspi um tímido “não sei”, quando na lateral esquerda do quiosque, no topo, há aos pontapés senhoras semelhantes, em formato digital, a partir de 9,99€. Tótó!
Vindo do nada, um vulto surge à minha frente. Pede para me aproximar. Debruço-me sobre a banca, espalmando meia-dúzia de jornais. A curiosidade assola-me. E do outro lado, de rompante, sem autorização, sem passar pela casa da partida, segreda-se a confissão de um modo de vida, mascarada de pergunta: “Chefe... você sabe onde posso encontrar senhoras... você sabe?...”.
A não ser que o leitor seja proprietário de uma casa de alterne ou presidente de um certo clube de futebol, não o estou a ver suficiente preparado para um desafio deste calibre, tão simples e tão bem executado. Não há treino possível. Coloque-se em frente a um espelho e repita comigo, sem se rir: “Caro senhor, lamento mas não possuo informações suficientes para responder com precisão à questão que me coloca”, ou “Sei sim senhor! Você sai ali na 1ª à direita, segue sempre em frente, passa uma rotunda, passa outra, e na 3ª vira à esquerda. Segue em direcção a Chambeiras, passa para Lameças, e daí até à entrada para Conchadas, encontra dessas senhoras a pastar na berma da estrada” . Parece fácil, mas a verdade é que na oral todos chumbam. Como eu. Engasguei-me, tropecei na língua, e entre dois perdigotos cuspi um tímido “não sei”, quando na lateral esquerda do quiosque, no topo, há aos pontapés senhoras semelhantes, em formato digital, a partir de 9,99€. Tótó!
3 Comments:
essas oportunidades de negocio não estão realmente a ser aproveitadas... sabe-se lá quando vais ter outra dessas (salvo seja, claro...) :)
commented by fresh start, 6/20/2007 12:03 da manhã
:)
Se o quiosque algum dia fechar, posso aproveitar este nicho
Se o quiosque algum dia fechar, posso aproveitar este nicho
Já lhe tinhas era vendido a página central do correio da manhã.
commented by 6/27/2007 3:58 da tarde
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