Cenas Olimpicas
terça-feira, agosto 26, 2008
Acordei tarde para os jogos olímpicos, já passavam alguns minutos das 5 da manhã de um qualquer dia de Agosto do ano de 1984, quando fui literalmente obrigado a marcar presença na sala. Enquanto disparava com a máquina fotográfica em direcção à tv, o meu pai exclamava eufórico: “isto é o Carlos Lopes a ganhar uma medalha de ouro, pá!”. E eu percebi ali no momento que a coisa era realmente importante, ao ponto de um pai sacar de um filho da caminha às 5 e tal da manhã.
Um quarto de século e duas medalhas de ouro mais tarde, o meu filho acordou-me às 3 da manhã de um qualquer dia de Agosto do ano de 2008. Queria mamar. Enquanto mamava, dei uma espreitadela à corrida da Banessa. Adormeci 5 minutos depois, e quando acordei horas mais tarde dei conta que o meu espírito olímpico se tinha perdido no tempo, ao ponto de me deixar vencer pelo sono em troca por uma medalha.
Por toda esta conjugação de acontecimentos – sono, caminha, olímpicos, etc… -, sinto-me perfeitamente capaz de avaliar as declarações de Marco Fortes e não só. O que tivemos ali foi um momento do mais puro humor, incomparavelmente superior à lenga-lenga que os nossos futeboleiros disparam semanalmente boca fora. Por 1 cêntimo/mês – deve ser mais ou menos o que me sai do bolso para levar o Marco Fortes aos olímpicos – tenho todo o gosto em continuar a ouvi-lo, embora acredite que daqui a 4 anos, se ele marcar presença em Londres, as suas declarações após o 38º lugar na prova de lançamento do peso serão algo como “peço desculpa aos portugueses e prometo continuar a trabalhar, e agora vou para a caminha pensar na merda de lançamento que fiz hoje, com vista a melhorar os meus futuros resultados”. Sim, porque entretanto, Marcos Forte treinou intensamente o levantamento do seu peso. De manhã, da caminha.
Vamos lá a ver. A campeã chinesa de halterofilismo levanta mais que o campeão nacional português. Entendido? Eu repito: metam um bigode na campeã chinesa de halterofilismo – não é preciso mais nada –, ofereçam-lhe um passaporte português e dois ordenados mínimos, e ela vem cá de boa vontade papar os campeonatos nacionais na vertente masculina da modalidade. Com um bocado de sorte, ainda me ajuda a arredar o quiosque uns 5 metros para a esquerda, o que me dava um certo jeito.
Querem quê? Resultados? Declarações dignas? Ah, não querem desculpas esfarrapadas, mas gostam de ouvir semanalmente, sem excepção, as habituais queixinhas dos treinadores de futebol. Preferem antes que um lutador agrida o árbitro no final do encontro, como fez um cubano? Ou ser apanhado nas malhas do doping, como toda a delegação búlgara de halterofilismo, e mais meia dúzia de cavalos? Ou recusar uma medalha, arremessando-a para o chão e abandonar o pódio, por estar furioso com a arbitragem, como fez o sueco?
Eu prefiro o Forte. E o cavalo que se assusta com o ecrã gigante. E os corredores que se borram com o estádio cheio. E o pai da Banessa: “Ora bem… 4 boltas… 4 vezes 5 vinte… 4 boltas… ora bem… falta uma bolta, Banessa! Força Banessa! Tu sabes sofrer, Banessa!”. Porra, assim até eu corria que nem um doido!
Um quarto de século e duas medalhas de ouro mais tarde, o meu filho acordou-me às 3 da manhã de um qualquer dia de Agosto do ano de 2008. Queria mamar. Enquanto mamava, dei uma espreitadela à corrida da Banessa. Adormeci 5 minutos depois, e quando acordei horas mais tarde dei conta que o meu espírito olímpico se tinha perdido no tempo, ao ponto de me deixar vencer pelo sono em troca por uma medalha.
Por toda esta conjugação de acontecimentos – sono, caminha, olímpicos, etc… -, sinto-me perfeitamente capaz de avaliar as declarações de Marco Fortes e não só. O que tivemos ali foi um momento do mais puro humor, incomparavelmente superior à lenga-lenga que os nossos futeboleiros disparam semanalmente boca fora. Por 1 cêntimo/mês – deve ser mais ou menos o que me sai do bolso para levar o Marco Fortes aos olímpicos – tenho todo o gosto em continuar a ouvi-lo, embora acredite que daqui a 4 anos, se ele marcar presença em Londres, as suas declarações após o 38º lugar na prova de lançamento do peso serão algo como “peço desculpa aos portugueses e prometo continuar a trabalhar, e agora vou para a caminha pensar na merda de lançamento que fiz hoje, com vista a melhorar os meus futuros resultados”. Sim, porque entretanto, Marcos Forte treinou intensamente o levantamento do seu peso. De manhã, da caminha.
Vamos lá a ver. A campeã chinesa de halterofilismo levanta mais que o campeão nacional português. Entendido? Eu repito: metam um bigode na campeã chinesa de halterofilismo – não é preciso mais nada –, ofereçam-lhe um passaporte português e dois ordenados mínimos, e ela vem cá de boa vontade papar os campeonatos nacionais na vertente masculina da modalidade. Com um bocado de sorte, ainda me ajuda a arredar o quiosque uns 5 metros para a esquerda, o que me dava um certo jeito.
Querem quê? Resultados? Declarações dignas? Ah, não querem desculpas esfarrapadas, mas gostam de ouvir semanalmente, sem excepção, as habituais queixinhas dos treinadores de futebol. Preferem antes que um lutador agrida o árbitro no final do encontro, como fez um cubano? Ou ser apanhado nas malhas do doping, como toda a delegação búlgara de halterofilismo, e mais meia dúzia de cavalos? Ou recusar uma medalha, arremessando-a para o chão e abandonar o pódio, por estar furioso com a arbitragem, como fez o sueco?
Eu prefiro o Forte. E o cavalo que se assusta com o ecrã gigante. E os corredores que se borram com o estádio cheio. E o pai da Banessa: “Ora bem… 4 boltas… 4 vezes 5 vinte… 4 boltas… ora bem… falta uma bolta, Banessa! Força Banessa! Tu sabes sofrer, Banessa!”. Porra, assim até eu corria que nem um doido!
2 Comments:
commented by Anónimo, 9/03/2008 7:07 da tarde
Como dizia o Secretário, "ser bom na cama é isso mesmo"
Eu tb sou bom na cama. Consigo dormir umas 10 hrs seguidas;)
Janicio