Duas curtas indignações
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
Nestas andanças do “ardinaranço”, há duas coisas que me fazem tirar do sério. Até há bem pouco tempo era só uma, mas desde que tomámos a iniciativa de entregar os nossos produtos fora da esfera do quiosque, passaram a duas.
Uma delas, dizia eu, é estar aflito de trocos e receber uma proposta de compra da revista Telenovelas (65 cêntimos) ao mesmo tempo que me estendem uma nota de 20 euros.
1.Dá-me cabo dos nervos.
2.Tenho a sensação que não consigo evitar transparecer a minha cara de indignado para com o cliente, apesar de não valer de nada e de posteriormente chegar à conclusão que mostrar cara de indignado provocará, na melhor das hipóteses, uma resposta indignada do outro lado do balcão.
3.Dá vontade de perguntar “Estou sem moedas, posso dar-lhe o troco em pastilhas?”
Bem, mas a isto chama-se divagar. A outra coisa que me faz tirar do sério... bem, afinal ainda há uma outra antes desta...
Eh pá... detesto! Destesto que me peçam fotocópias quando naquele momento estou a utilizar a fotocopiadora como prateleira matinal! Fico doido! Apesar de me conseguir controlar, faço questão de deixar cair uma outra revista durante a retirada de publicações do local, para mostrar ao cliente quão inconveniente foi.
Outra, outra coisa que me deixa furioso: interromperem-me a leitura da crónica do MST, quando estou prestes a atingir o limite da minha indignação, para me pedirem troco para o estacionamento. Fico absolutamente indignado.
Mas há mais! Faz um frio de rachar e está a chover torrencialmente lá fora. Obviamente, eu estou lá dentro. E ouço uma doce voz: “Menino, importa-se de me mostar a Linhas e Pontos de Fevereiro?”. Minto e respondo que não me importo nada. Mostro a Linhas e Pontos. A Linhas e Pontos é desfraldada de ponta a ponta. Meia hora depois, a Linhas e Pontos regressa à origem. Naturalmente, indigno-me.
Olha outra! Olha outra! Estou a “sobrar” (fazer as sobras). Quando estou a terminar de amarrar mais um volume, processo que implica fazer passar um cordel de fio 3 ou 4 vezes pelo mesmo monte de 5 kilos de revistas, e que pressupõe a utilização das duas mãos em 100% dos casos, alguém me grita: “Bom dia! É o habitual! Os 3 desportivos, o Publico, o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, a Visão, a Playboy, os meus 5 fascículos desta semana das colecções, 1 volume de Gigante, 7 exemplares do 24 Horas por causa do concurso, 2 trident de mentol, 1 Mars e 3 cautelas para amanhã”. E pronto! Vejo-me obrigado a desfazer aquele volume de revistas e recomeçar tudo mais tarde... Não é de uma gajo ficar indignado??
Não acaba aqui! Esta acontece com mais frequência que possam imaginar. Há um expositor de jornais semanários mesmo ao lado da banca principal (na verdade, é a única banca do quiosque, mas fica bem dizer “banca principal”, pois faz-me sentir um super-ardina num super-quiosque). Sempre que me pedem um jornal semanário, aponto simpaticamente para o expositor, convidando o cliente a servir-se. Tratando-se de um expositor vertical, uns jornais estão mais altos que outros. Já fiz as contas. Em média, 2 em cada 10 portugueses não alcança o jornal do topo. Ou 1 em cada 5, se preferirem...
Esta não escapa. Procurar uma revista minúscula de sopa de letras de nome “sopilândia” ou “sopas mais” no meio de centena e meia de cruzadas, cruzadezes e outros derivados de cruz, pode ser das tarefas mais injustamente remuneradas da história da venda directa ao público. Se para efectuar essa busca acrescentarmos o encargo de retirar um monte de sudokus e kokurus da frente, cujos tamanhos podem variar entre o A7 e o A4+ avantajado, com o cuidado de manter a ordem da semana de devolução de cada uma delas, podermos estar perante a tentativa de satisfação de pedido ao cliente simultaneamente mais minuciosa e menos proveitosa alguma vez tentada dentro de um exíguo espaço de 6 metros quadros.
Ok, então dizia eu que havia duas coisas que neste negócio me faziam tirar do sério. São um pouco mais que duas, mas há uma que entrou recentemente para o lote.
Há 3 razões para ser eu próprio a fazer a distribuição de jornais e revistas ao domicílio.
1º Sou chefe e o chefe deve passar por todas as componentes do negócio.
2º Sou o chefe mais rápido.
3º Com a devida ajuda musical, é a altura ideal do dia para durante uma hora fazer as devidas ligações químicas entre neurónios, partindo da certeza que tenho mais do que um.
Pois bem, é das coisas mais frustrantes que pode acontecer a quem anda nisto das entregas: chegar ao quiosque com 1 jornal no saco e concluir que ficou por entregar ao cliente mais afastado, precisamente aquele que fazia questão de ser o primeiro da cidade a ler o Record.
Uma delas, dizia eu, é estar aflito de trocos e receber uma proposta de compra da revista Telenovelas (65 cêntimos) ao mesmo tempo que me estendem uma nota de 20 euros.
1.Dá-me cabo dos nervos.
2.Tenho a sensação que não consigo evitar transparecer a minha cara de indignado para com o cliente, apesar de não valer de nada e de posteriormente chegar à conclusão que mostrar cara de indignado provocará, na melhor das hipóteses, uma resposta indignada do outro lado do balcão.
3.Dá vontade de perguntar “Estou sem moedas, posso dar-lhe o troco em pastilhas?”
Bem, mas a isto chama-se divagar. A outra coisa que me faz tirar do sério... bem, afinal ainda há uma outra antes desta...
Eh pá... detesto! Destesto que me peçam fotocópias quando naquele momento estou a utilizar a fotocopiadora como prateleira matinal! Fico doido! Apesar de me conseguir controlar, faço questão de deixar cair uma outra revista durante a retirada de publicações do local, para mostrar ao cliente quão inconveniente foi.
Outra, outra coisa que me deixa furioso: interromperem-me a leitura da crónica do MST, quando estou prestes a atingir o limite da minha indignação, para me pedirem troco para o estacionamento. Fico absolutamente indignado.
Mas há mais! Faz um frio de rachar e está a chover torrencialmente lá fora. Obviamente, eu estou lá dentro. E ouço uma doce voz: “Menino, importa-se de me mostar a Linhas e Pontos de Fevereiro?”. Minto e respondo que não me importo nada. Mostro a Linhas e Pontos. A Linhas e Pontos é desfraldada de ponta a ponta. Meia hora depois, a Linhas e Pontos regressa à origem. Naturalmente, indigno-me.
Olha outra! Olha outra! Estou a “sobrar” (fazer as sobras). Quando estou a terminar de amarrar mais um volume, processo que implica fazer passar um cordel de fio 3 ou 4 vezes pelo mesmo monte de 5 kilos de revistas, e que pressupõe a utilização das duas mãos em 100% dos casos, alguém me grita: “Bom dia! É o habitual! Os 3 desportivos, o Publico, o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, a Visão, a Playboy, os meus 5 fascículos desta semana das colecções, 1 volume de Gigante, 7 exemplares do 24 Horas por causa do concurso, 2 trident de mentol, 1 Mars e 3 cautelas para amanhã”. E pronto! Vejo-me obrigado a desfazer aquele volume de revistas e recomeçar tudo mais tarde... Não é de uma gajo ficar indignado??
Não acaba aqui! Esta acontece com mais frequência que possam imaginar. Há um expositor de jornais semanários mesmo ao lado da banca principal (na verdade, é a única banca do quiosque, mas fica bem dizer “banca principal”, pois faz-me sentir um super-ardina num super-quiosque). Sempre que me pedem um jornal semanário, aponto simpaticamente para o expositor, convidando o cliente a servir-se. Tratando-se de um expositor vertical, uns jornais estão mais altos que outros. Já fiz as contas. Em média, 2 em cada 10 portugueses não alcança o jornal do topo. Ou 1 em cada 5, se preferirem...
Esta não escapa. Procurar uma revista minúscula de sopa de letras de nome “sopilândia” ou “sopas mais” no meio de centena e meia de cruzadas, cruzadezes e outros derivados de cruz, pode ser das tarefas mais injustamente remuneradas da história da venda directa ao público. Se para efectuar essa busca acrescentarmos o encargo de retirar um monte de sudokus e kokurus da frente, cujos tamanhos podem variar entre o A7 e o A4+ avantajado, com o cuidado de manter a ordem da semana de devolução de cada uma delas, podermos estar perante a tentativa de satisfação de pedido ao cliente simultaneamente mais minuciosa e menos proveitosa alguma vez tentada dentro de um exíguo espaço de 6 metros quadros.
Ok, então dizia eu que havia duas coisas que neste negócio me faziam tirar do sério. São um pouco mais que duas, mas há uma que entrou recentemente para o lote.
Há 3 razões para ser eu próprio a fazer a distribuição de jornais e revistas ao domicílio.
1º Sou chefe e o chefe deve passar por todas as componentes do negócio.
2º Sou o chefe mais rápido.
3º Com a devida ajuda musical, é a altura ideal do dia para durante uma hora fazer as devidas ligações químicas entre neurónios, partindo da certeza que tenho mais do que um.
Pois bem, é das coisas mais frustrantes que pode acontecer a quem anda nisto das entregas: chegar ao quiosque com 1 jornal no saco e concluir que ficou por entregar ao cliente mais afastado, precisamente aquele que fazia questão de ser o primeiro da cidade a ler o Record.
5 Comments:
commented by shark, 2/28/2007 11:00 da tarde
Mas eu insisto, pois o post justifica.
Também ganho a vida como mercador (outra mercadoria) e acho que os teus colegas de ofício deviam beijar o chão que pisas.
Eu resumo a coisa assim: nunca mais vou deixar de reparar nas tampas das fotocopiadoras quando for comprar o jornal.
E tu sabes que não estou na paródia.
Também ganho a vida como mercador (outra mercadoria) e acho que os teus colegas de ofício deviam beijar o chão que pisas.
Eu resumo a coisa assim: nunca mais vou deixar de reparar nas tampas das fotocopiadoras quando for comprar o jornal.
E tu sabes que não estou na paródia.
conheço este blog há 1 semana após pesquisar no google "criar um quiosque", pois tenho em mente abrir um negócio do género. trata-se de um blog bastante interessante para quem quer iniciar uma nova carreira na venda destes serviços. os n.º apresentados das contas são um espectáculo. já agora, onde se situa o quiosque?
Domingos
Domingos
commented by 3/01/2007 12:29 da tarde
,
Olha desculpe, tem trocos para o estacionamento ??
Essa dos trocos é a realidade, as pessoas não tem respeito nenhum, também ao meu quiosque vem pedir trocos ou comprar coisas pequenas para levar moedas quer para as maquinas de tabaco, quer para as de bilhete de comboio, para o elefante azul ou para os filhos...
É muito normal virem com 20 euros para comprar um desportivo e depois deitam o desportivo fora passado uns minutos no cafe...
E muitos ainda vemos a meter as moedinhas la na maquina de tabaco do café qd nos proprios vendemos tabaco.
É muito normal virem com 20 euros para comprar um desportivo e depois deitam o desportivo fora passado uns minutos no cafe...
E muitos ainda vemos a meter as moedinhas la na maquina de tabaco do café qd nos proprios vendemos tabaco.
Acabei de escrever um comentário que considerei à altura deste magnífico post e de o ver sumir no espaço do page not found.