Um motivo para celebrar
terça-feira, setembro 16, 2008
O ano passado, mais ou menos por esta altura, saiu para as bancas (adoro esta expressão) o coleccionável da Heidi. Na verdade, o coleccionável juntava a Heidi e o Marco no mesmo pacote, em episódios paralelos. Não sei bem como dizer isto, e pressinto que vai sair daqui uma revelação capaz de arruinar o meu bom nome, mas eu até aos 5 anos… ora bem… (vai, não vai, vai, não vai… que se lixe… vai!)… eu até aos 5 anos angariei duas paixões. Uma, pela menina que cantou o “Eu vi um sapo” no Festival dos Pequenos Cantores. Outra pela Heidi. Hoje, olhando para uma e outra, penso que fiz bem em esquecê-las, mesmo que por razões diferentes. Adiante, antes que comece para aqui a falar da Anita.
O senhor Agostini, lá no seu planeta, fez uma grande asneira ao juntar o Marco e a Heidi no mesmo coleccionável, e na minha opinião o fracasso desta colecção começa justamente aqui. A Heidi era a alegria em pessoa, sempre aos saltos por aqueles campos verdejantes repletos de papoilas (há papoilas nos Alpes?), a quem nem um espinho cravado no rabo – episódio 22 - lhe roubava aquele espírito entusiasta. O Marco era um puto chorão traumatizado com a partida da mãe para a Argentina. Juntar estas duas personagens no mesmo saco é como vender o Quaresma ao Inter e incluir o Lino no pacote. Nem o fã da Heidi aguenta aturar as birras do Marco mais que 5 episódios nem o Mourinho seria capaz de transformar o Lino no sucessor de Roberto Carlos na selecção brasileira.
Esta semana a colecção regressou às bancas, precisamente no mesmo formato Heidi + Marco. Se isto não é a confirmação oficial que os dois se andam a comer, então vou deixar de ler a Nova Gente. Mas o importante é que o leitor tem aqui uma nova oportunidade de assistir ao mítico episódio nº4 do Marco, que sai mais ou menos dentro de duas semanas.
Pausa. Em vou ali à estante confirmar se é mesmo o episódio nº4. Trata-se de uma operação delicada, que eu tenho a mãe dos meus filhos a dormir aqui ao lado, e se ela resolve acordar eu não vou ter muita paciência para explicar o que faço a esta hora da noite junto aos dvds dos miúdos.
Já está. Continua tudo a dormir. Ainda bem que fui confirmar porque afinal é o episódio nº3 e acabei também por dar de caras com o dvd de Pavement que andava desaparecido há meses.
Permitam-me então situar-vos na história do Marco. O Marco tem 9 anos e no episódio 1 a mãe dá de frosques para a Argentina, com o pretexto de um emprego melhor. Tretas. Deixou o puto a chorar baba e ranho durante dias e com um trauma nos cornos do tamanho do barco com que zarpou para o país das pampas. Agora topem bem o atrofio do miúdo: no 2º episódio arma-se em herói e vai procurar trabalho de modo a juntar dinheiro para ir ter com a mãe à Argentina, que por esta altura já deve andar em grandes desvairos com a malta amiga do Maradona.
Chega então o grande, o enorme episódio nº3 – “Um motivo para celebrar”. Pois bem, o que é certo é que o miúdo arranjou um emprego - já disse que ele tinha 9 anos, certo? – e depois de uns dias a acartar merdas de um lado para o outro, recebe o primeiro salário. Reparem. Temos aqui um puto de 9 anos que com a conivência do pai arranja um trabalho a transportar material pesado e é pago por isso. Não contente, pega na massa e em vez de estoirar tudo em cromos do Dartacão ou em pastilhas Gorila, compra uma garrafa do vinho preferido do pai. Chegado a casa, dá as boas novas e a respectiva vinhaça ao progenitor, que exulta de alegria pelo gesto do filho. O pai abre a garrafa, serve-se e – espanto dos espantos – começa a encher o copo do Marco. Nesta altura eu e a mãe já não desgrudamos da televisão, enquanto a M. pinta descontraidamente a parede da sala.
A esta hora da noite eu já não tenho coragem de ir verificar, mas sou capaz de jurar que foi o Marco que impediu o pai de encher o seu copo, ao exclamar algo como “para mim já chega”. Fazem o brinde e bebem alegremente.
Ainda fiquei com o episódio 4, mas não se passava nada de especial, e depois disso nunca mais recebi a colecção no quiosque. A mim ninguém me tira da cabeça que o puto fuma um charro antes do episódio 10.
O senhor Agostini, lá no seu planeta, fez uma grande asneira ao juntar o Marco e a Heidi no mesmo coleccionável, e na minha opinião o fracasso desta colecção começa justamente aqui. A Heidi era a alegria em pessoa, sempre aos saltos por aqueles campos verdejantes repletos de papoilas (há papoilas nos Alpes?), a quem nem um espinho cravado no rabo – episódio 22 - lhe roubava aquele espírito entusiasta. O Marco era um puto chorão traumatizado com a partida da mãe para a Argentina. Juntar estas duas personagens no mesmo saco é como vender o Quaresma ao Inter e incluir o Lino no pacote. Nem o fã da Heidi aguenta aturar as birras do Marco mais que 5 episódios nem o Mourinho seria capaz de transformar o Lino no sucessor de Roberto Carlos na selecção brasileira.
Esta semana a colecção regressou às bancas, precisamente no mesmo formato Heidi + Marco. Se isto não é a confirmação oficial que os dois se andam a comer, então vou deixar de ler a Nova Gente. Mas o importante é que o leitor tem aqui uma nova oportunidade de assistir ao mítico episódio nº4 do Marco, que sai mais ou menos dentro de duas semanas.
Pausa. Em vou ali à estante confirmar se é mesmo o episódio nº4. Trata-se de uma operação delicada, que eu tenho a mãe dos meus filhos a dormir aqui ao lado, e se ela resolve acordar eu não vou ter muita paciência para explicar o que faço a esta hora da noite junto aos dvds dos miúdos.
Já está. Continua tudo a dormir. Ainda bem que fui confirmar porque afinal é o episódio nº3 e acabei também por dar de caras com o dvd de Pavement que andava desaparecido há meses.
Permitam-me então situar-vos na história do Marco. O Marco tem 9 anos e no episódio 1 a mãe dá de frosques para a Argentina, com o pretexto de um emprego melhor. Tretas. Deixou o puto a chorar baba e ranho durante dias e com um trauma nos cornos do tamanho do barco com que zarpou para o país das pampas. Agora topem bem o atrofio do miúdo: no 2º episódio arma-se em herói e vai procurar trabalho de modo a juntar dinheiro para ir ter com a mãe à Argentina, que por esta altura já deve andar em grandes desvairos com a malta amiga do Maradona.
Chega então o grande, o enorme episódio nº3 – “Um motivo para celebrar”. Pois bem, o que é certo é que o miúdo arranjou um emprego - já disse que ele tinha 9 anos, certo? – e depois de uns dias a acartar merdas de um lado para o outro, recebe o primeiro salário. Reparem. Temos aqui um puto de 9 anos que com a conivência do pai arranja um trabalho a transportar material pesado e é pago por isso. Não contente, pega na massa e em vez de estoirar tudo em cromos do Dartacão ou em pastilhas Gorila, compra uma garrafa do vinho preferido do pai. Chegado a casa, dá as boas novas e a respectiva vinhaça ao progenitor, que exulta de alegria pelo gesto do filho. O pai abre a garrafa, serve-se e – espanto dos espantos – começa a encher o copo do Marco. Nesta altura eu e a mãe já não desgrudamos da televisão, enquanto a M. pinta descontraidamente a parede da sala.
A esta hora da noite eu já não tenho coragem de ir verificar, mas sou capaz de jurar que foi o Marco que impediu o pai de encher o seu copo, ao exclamar algo como “para mim já chega”. Fazem o brinde e bebem alegremente.
Ainda fiquei com o episódio 4, mas não se passava nada de especial, e depois disso nunca mais recebi a colecção no quiosque. A mim ninguém me tira da cabeça que o puto fuma um charro antes do episódio 10.
4 Comments:
Que belo pedaço de prosa... :-)
commented by Anónimo, 9/16/2008 11:13 da manhã
Caro amigo,
Gosto muito do seu blog e sigo-o diáriamente, contudo creio que o senhor Agostini, lá no seu planeta não chegou a publicar nem a Heidi nem o Marco e muito menos juntos.
Que eles se andem a comer, o problema é mesmo deles e da... RBA Editores :)
Espero que não leve a mal pelo comentário, mas estranhei o seu equívoco. Abraço
Gosto muito do seu blog e sigo-o diáriamente, contudo creio que o senhor Agostini, lá no seu planeta não chegou a publicar nem a Heidi nem o Marco e muito menos juntos.
Que eles se andem a comer, o problema é mesmo deles e da... RBA Editores :)
Espero que não leve a mal pelo comentário, mas estranhei o seu equívoco. Abraço
commented by 9/17/2008 10:58 da tarde
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ò Ardinário... não era preciso lembrar o porquê de tantas lágrimas que verti por causa da saga do marco...
Tem razão, Ricardo.