Como levar troco em dias de crise
quarta-feira, setembro 01, 2010
Milan Kundera teria dito algo mais como “há decisões fáceis e decisões difíceis”. David Hasselhoff também. José Castelo Branco diria “ há decisões fáceis e decisões difíceis, e agora fui acusado de agredir um empreiteiro e não sei o que fazer à minha vida”. Decisões, lá está. Ou falta delas, Zé. Já Milan Kundera escrevia, para complicar um pouco mais as coisas, “Aquilo que não é necessariamente uma escolha não pode ser considerado como mérito ou fracasso”. É aqui que David Hasselhoff vai buscar o Kit ao mesmo tempo que Jorge Jesus senta Roberto no banco, abdicando do mérito ou fracasso do que se seguiria. O Zé, esse, já seguiu há muito a sua vida, a espancar empreiteiros por esse mundo fora.
Portanto, como eu queria dizer, a senhora trouxe até mim a maior das indecisões da sua vida: “Maria ou Telenovelas”. Não só trouxe até mim como me promoveu a coordenador das suas decisões. Primeiro com um implacável “O que é que o senhor acha?” e depois com um atrevido “Olhe, decida o senhor”. Ora, há pessoas que não lidam bem com situações inesperadas. Não é o meu caso. Eu não lido MESMO NADA BEM com situações inesperadas, e aquilo pareceu-me na altura a maior decisão da minha vida, apesar da simplicidade da questão. Maria ou Telenovelas. Plantar morangos ou batatas. Passar a noite com o Hasselhoff ou com o Zé.
Mandei-a à merda, sem a mandar à merda: “Leve as duas!”. E ela mandou-me para o mesmo sítio: “Não levo nenhuma. Obrigada”.