Rebentou-se-me a bolha
sábado, julho 19, 2008
Apesar de ter isto bem formado na minha cabeça - tirando a parte do “como é que vou ligar isto ao quiosque” - desconfio que o texto que se segue vai demorar algum tempo a escrever e já vão perceber porquê. É possível que entre este parágrafo e o último rolem no mínimo 45 minutos, isto se entretanto não me der na mona estender os costados no belo sofá que se encontra neste momento à minha esquerda. Bem, mas isto é algo que ninguém vai notar, e é uma das coisas boas da actividade do postanço.
Ora bem, faz hoje duas semanas que me convidaram a participar num torneio de basket de verão. Cedo percebi que esta chamada significaria transformar uma equipa “perfeitamente medíocre” numa outra “perfeitamente medíocre mas com mais um gajo”. Se o cenário já não era famoso, ficou ainda mais negro quando foi decidido dividir a “equipa perfeitamente medíocre” em duas, dado o excesso de contingente. Ficou-se então com uma “equipa perfeitamente medíocre” e uma “equipa ridiculamente medíocre”, na qual fui incluído.
O plano seguinte passava por fazer um treino de conjunto entre as duas equipas – como se isso fosse possível - , antes do início do torneio. Chegado o dia, 10 minutos antes dirijo-me ao museu da sapatilha, e lá estavam elas, a hibernar desde 2004. Adquiridas há cerca de 12 anos atrás, no meu último ano da carreira – abruptamente terminada porque o treinador pensava que percebia mais daquilo do que eu, mas que hoje me convenço que afinal se deveu ao facto de os dirigentes pensarem que percebiam mais daquilo do que eu - apresentavam um aspecto exterior razoável, mas por dentro estavam… estavam… escapa-me agora a palavra certa… estavam… bem, estavam podres, e cada uma se desmembrou ao nível da sola, assim que as calcei, o que me deixou com quatro partes de sapatilha, ou seja dois pares. Vi-me então obrigado a calçar um par alternativo, misto de jogging e power jump, coisa que nunca pratiquei na vida.
Eu sou um gajo com um potencial danado para me aleijar. Durante os quinze anos de carreira basquetebolista, três terão sido passados no estaleiro. Se tivesse jogado futebol, hoje faria com certeza parte do plantel do Benfica, como melhor cliente do departamento médico. Sou menino para torcer um pé enquanto caminho, fazer uma distensão muscular na zona lombar ao pegar nos miúdos ao colo, ou até abrir um lenho nos cornos depois de uma travagem brusca na passadeira. Sim, tudo isto já aconteceu. Agora imaginem o que não me acontece enquanto pratico desporto. Já cometi a proeza de colocar um polegar num ângulo difícil de medir pelo mais sábio dos matemáticos, e fracturar o escafóide em cada um dos pulsos, lesão tão rara que na segunda vez fui eu ajudei o médico a diagnosticá-la.
Pois bem, com umas sapatilhas de jogging nos pés, torcer um pé a jogar basket era uma questão de tempo. No treino safei-me e o saldo foi apenas de um pequeno golpe no nariz, depois de um encontro imediato com a testa do extremo-poste adversário. Lance estranho, mas perfeitamente compreensível para aqueles que conhecem o alcance da minha penca. De qualquer forma, fiquei satisfeito com o comportamento das sapatilhas (não pensem que vou designá-las por ténis; além de ser um termo imensamente foleiro e outra merdas que tal, para mim ténis é aquele desporto que se joga com uma raquete na mão, por gajos avessos ao contacto físico entre espécimes do mesmo sexo). Adiei assim a compra de umas botas novas (tá bem assim, botas?).
Burro! Na primeira derrota a sério da “equipa ridiculamente medíocre”, o pé cedeu a um típico entorse, de ligeira gravidade, fruto de um normalíssimo movimento de basket, daqueles que se executam centenas de vezes durante um jogo. Ora, eu sou licenciado em entorse no ligamento anterior do tornozelo esquerdo, pelo que sabia que estava em perfeitas condições de continuar, mesmo sabendo que estava a hipotecar as entregas de jornais da semana seguinte (já está, já fiz a ligação ao tema do blog!). E com grande espírito de sacrifício, lá completei a segunda derrota do dia da “equipa ridiculamente medíocre”. Com um pé às costas.
Decidi-me por umas discretas Nike pretas, naquela que terá sido a transacção mais rápida de sempre na Sports Zone. Besuntei o raio do pé com Reumon Gel e segui directo para a primeira derrota do dia. Cheguei intacto ao final do jogo, sem lesões ou mazelas de qualquer espécie. Apenas se formou uma pequena bolha no dedo mindinho do pé direito, com origem nas botas novas, que rapidamente passou de desprezível a incómodo crescente, momentos antes da segunda derrota do dia. Como isto não estava para mariquices, não mais me lembrei de tal e, obviamente, fui a jogo.
Agora aqui estou eu, com o sofá à minha esquerda e pedir que o monte, com uma batata na palma da pão, junto ao polegar, fruto de uma bruta falta não sancionada, que me impede de fazer correctamente um CTRL C / CTRL V, quanto mais um ALT Tab, com uma negra no “pai de todos” da mesma mão, originada por uma réplica à bruta falta não sancionada, e uma ex-bolha no dedo mindinho do pé direito, que agora se transformou num esfolanço com muito mau aspecto, e que me vai acompanhar nas próximas semanas. E o efeito do Reumon Gel, esse sacana mentiroso, já faz parte da história.
Amanhã tenho nova derrota marcada, pelas 16 e 45. À mesma hora joga-se uma festa de aniversário de crianças. Nem que tivesse uma fractura exposta no cotovelo, não é altura de abandonar a “equipa ridiculamente medíocre”.
Ora bem, faz hoje duas semanas que me convidaram a participar num torneio de basket de verão. Cedo percebi que esta chamada significaria transformar uma equipa “perfeitamente medíocre” numa outra “perfeitamente medíocre mas com mais um gajo”. Se o cenário já não era famoso, ficou ainda mais negro quando foi decidido dividir a “equipa perfeitamente medíocre” em duas, dado o excesso de contingente. Ficou-se então com uma “equipa perfeitamente medíocre” e uma “equipa ridiculamente medíocre”, na qual fui incluído.
O plano seguinte passava por fazer um treino de conjunto entre as duas equipas – como se isso fosse possível - , antes do início do torneio. Chegado o dia, 10 minutos antes dirijo-me ao museu da sapatilha, e lá estavam elas, a hibernar desde 2004. Adquiridas há cerca de 12 anos atrás, no meu último ano da carreira – abruptamente terminada porque o treinador pensava que percebia mais daquilo do que eu, mas que hoje me convenço que afinal se deveu ao facto de os dirigentes pensarem que percebiam mais daquilo do que eu - apresentavam um aspecto exterior razoável, mas por dentro estavam… estavam… escapa-me agora a palavra certa… estavam… bem, estavam podres, e cada uma se desmembrou ao nível da sola, assim que as calcei, o que me deixou com quatro partes de sapatilha, ou seja dois pares. Vi-me então obrigado a calçar um par alternativo, misto de jogging e power jump, coisa que nunca pratiquei na vida.
Eu sou um gajo com um potencial danado para me aleijar. Durante os quinze anos de carreira basquetebolista, três terão sido passados no estaleiro. Se tivesse jogado futebol, hoje faria com certeza parte do plantel do Benfica, como melhor cliente do departamento médico. Sou menino para torcer um pé enquanto caminho, fazer uma distensão muscular na zona lombar ao pegar nos miúdos ao colo, ou até abrir um lenho nos cornos depois de uma travagem brusca na passadeira. Sim, tudo isto já aconteceu. Agora imaginem o que não me acontece enquanto pratico desporto. Já cometi a proeza de colocar um polegar num ângulo difícil de medir pelo mais sábio dos matemáticos, e fracturar o escafóide em cada um dos pulsos, lesão tão rara que na segunda vez fui eu ajudei o médico a diagnosticá-la.
Pois bem, com umas sapatilhas de jogging nos pés, torcer um pé a jogar basket era uma questão de tempo. No treino safei-me e o saldo foi apenas de um pequeno golpe no nariz, depois de um encontro imediato com a testa do extremo-poste adversário. Lance estranho, mas perfeitamente compreensível para aqueles que conhecem o alcance da minha penca. De qualquer forma, fiquei satisfeito com o comportamento das sapatilhas (não pensem que vou designá-las por ténis; além de ser um termo imensamente foleiro e outra merdas que tal, para mim ténis é aquele desporto que se joga com uma raquete na mão, por gajos avessos ao contacto físico entre espécimes do mesmo sexo). Adiei assim a compra de umas botas novas (tá bem assim, botas?).
Burro! Na primeira derrota a sério da “equipa ridiculamente medíocre”, o pé cedeu a um típico entorse, de ligeira gravidade, fruto de um normalíssimo movimento de basket, daqueles que se executam centenas de vezes durante um jogo. Ora, eu sou licenciado em entorse no ligamento anterior do tornozelo esquerdo, pelo que sabia que estava em perfeitas condições de continuar, mesmo sabendo que estava a hipotecar as entregas de jornais da semana seguinte (já está, já fiz a ligação ao tema do blog!). E com grande espírito de sacrifício, lá completei a segunda derrota do dia da “equipa ridiculamente medíocre”. Com um pé às costas.
Decidi-me por umas discretas Nike pretas, naquela que terá sido a transacção mais rápida de sempre na Sports Zone. Besuntei o raio do pé com Reumon Gel e segui directo para a primeira derrota do dia. Cheguei intacto ao final do jogo, sem lesões ou mazelas de qualquer espécie. Apenas se formou uma pequena bolha no dedo mindinho do pé direito, com origem nas botas novas, que rapidamente passou de desprezível a incómodo crescente, momentos antes da segunda derrota do dia. Como isto não estava para mariquices, não mais me lembrei de tal e, obviamente, fui a jogo.
Agora aqui estou eu, com o sofá à minha esquerda e pedir que o monte, com uma batata na palma da pão, junto ao polegar, fruto de uma bruta falta não sancionada, que me impede de fazer correctamente um CTRL C / CTRL V, quanto mais um ALT Tab, com uma negra no “pai de todos” da mesma mão, originada por uma réplica à bruta falta não sancionada, e uma ex-bolha no dedo mindinho do pé direito, que agora se transformou num esfolanço com muito mau aspecto, e que me vai acompanhar nas próximas semanas. E o efeito do Reumon Gel, esse sacana mentiroso, já faz parte da história.
Amanhã tenho nova derrota marcada, pelas 16 e 45. À mesma hora joga-se uma festa de aniversário de crianças. Nem que tivesse uma fractura exposta no cotovelo, não é altura de abandonar a “equipa ridiculamente medíocre”.