A fuga do Sr.Martins
segunda-feira, outubro 02, 2006
Há pouco mais de um ano, decidi avançar para a concretização de um desejo antigo: a aquisição de um quiosque. Numa primeira ocasião, a oportunidade surgiu num local a cerca de 40 km de casa. A vontade de iniciar o negócio era tanta, que fazer essa distância diariamente não me parecia impeditivo suficiente para avançar. No entanto, quis o destino que, no último instante, essa oportunidade aparecesse a escassos metros de casa. Um mês mais tarde estava instalado.
Um dos primeiros clientes com quem ganhei afinidade foi um senhor com os seus 80 anos, de bom aparência e bastante simpático. Vou chamá-lo de Sr.Martins. O Sr.Martins todos os dias passava no quiosque. Cumprimentava, perguntava pela família e pelo negócio e no final, invariavelmente, dizia “Quero o juogo! É assim que se diz no norte, não é? O juogo!”. Levava também o seu maçito de cigarros e abalava, até ao dia seguinte. E assim foi até que chegou o dia fatal. Depois di diálogo rotineiro, o Sr.Martins sai-se com o discurso: “Oh jovem! Vou-lhe propor o seguinte: eu todos os dias levo o Jogo e os cigarros. Você aponta aí numa folhinha e no final do mês eu pago isso. Sou velhote e queria evitar andar sempre com dinheiro no bolso”. Confesso que fui apanhado de surpresa. Não estava à espera deste tipo de paleio e, com pouca experiência nestas andanças, gaguejei, soprei e, na atrapalhação do momento, acedi ao pedido do Sr.Martins. Ainda me lembro do cliente que estava ao lado me dizer, meio a sério, meio a brincar: “Vê lá se o velho morre entretanto, e ficas a arder com o dinheiro...”.
Fiquei a pensar no assunto. Duvidava se tinha ou não agido correctamente. De qualquer forma estava confiante na palavra do Sr.Martins. Era uma pessoa de idade, com boa postura e bem vestido, o que me dava algumas garantias. Os dias foram passando e o Sr.Martins também. Aos poucos, fui esquecendo o episódio. Até que, chegado o dia 1, dou conta que o Sr.Martins falta ao encontro diário. Dia 2, idem. E assim sucessivamente até me convencer definitivamente, com 100% de certeza, que tinha sido enganado. Ingenuamente tinha caído na esparrela...
A minha esposa ainda me tentou “animar”: “Se calhar morreu...”. Ao que eu respondi: “NO DIA 1????"
O Sr.Martins não morreu. Ainda está entre nós e já foi visto por conhecidos mais do que uma vez. Como demonstrei em cima, sou uma pessoa optimista, pelo que espero a qualquer momento dar de caras com o velho. A dívida não é muito grande, mas a minha vontade de conhecer o “novo” velho Sr. Martins é enorme.
O que leva um velhote de 80, impecavelmente apresentado, aparentemente sem dificuldades financeiras, a dar um golpe destes?
Aguardando ansiosamente que esta história tenha uma segunda parte, finalizo informando que o verdadeiro nome do Sr.Martins é... Sr.Martins!
Um dos primeiros clientes com quem ganhei afinidade foi um senhor com os seus 80 anos, de bom aparência e bastante simpático. Vou chamá-lo de Sr.Martins. O Sr.Martins todos os dias passava no quiosque. Cumprimentava, perguntava pela família e pelo negócio e no final, invariavelmente, dizia “Quero o juogo! É assim que se diz no norte, não é? O juogo!”. Levava também o seu maçito de cigarros e abalava, até ao dia seguinte. E assim foi até que chegou o dia fatal. Depois di diálogo rotineiro, o Sr.Martins sai-se com o discurso: “Oh jovem! Vou-lhe propor o seguinte: eu todos os dias levo o Jogo e os cigarros. Você aponta aí numa folhinha e no final do mês eu pago isso. Sou velhote e queria evitar andar sempre com dinheiro no bolso”. Confesso que fui apanhado de surpresa. Não estava à espera deste tipo de paleio e, com pouca experiência nestas andanças, gaguejei, soprei e, na atrapalhação do momento, acedi ao pedido do Sr.Martins. Ainda me lembro do cliente que estava ao lado me dizer, meio a sério, meio a brincar: “Vê lá se o velho morre entretanto, e ficas a arder com o dinheiro...”.
Fiquei a pensar no assunto. Duvidava se tinha ou não agido correctamente. De qualquer forma estava confiante na palavra do Sr.Martins. Era uma pessoa de idade, com boa postura e bem vestido, o que me dava algumas garantias. Os dias foram passando e o Sr.Martins também. Aos poucos, fui esquecendo o episódio. Até que, chegado o dia 1, dou conta que o Sr.Martins falta ao encontro diário. Dia 2, idem. E assim sucessivamente até me convencer definitivamente, com 100% de certeza, que tinha sido enganado. Ingenuamente tinha caído na esparrela...
A minha esposa ainda me tentou “animar”: “Se calhar morreu...”. Ao que eu respondi: “NO DIA 1????"
O Sr.Martins não morreu. Ainda está entre nós e já foi visto por conhecidos mais do que uma vez. Como demonstrei em cima, sou uma pessoa optimista, pelo que espero a qualquer momento dar de caras com o velho. A dívida não é muito grande, mas a minha vontade de conhecer o “novo” velho Sr. Martins é enorme.
O que leva um velhote de 80, impecavelmente apresentado, aparentemente sem dificuldades financeiras, a dar um golpe destes?
Aguardando ansiosamente que esta história tenha uma segunda parte, finalizo informando que o verdadeiro nome do Sr.Martins é... Sr.Martins!
5 Comments:
commented by Anónimo, 10/03/2006 2:19 da tarde
E se entretanto aparece um sr.Cunha ou Silva bem falante, fiará de novo?
commented by 10/03/2006 3:12 da tarde
,
e sempre lia o jogo o que acho bem. eu também leio
commented by 10/03/2006 6:30 da tarde
,
Desculpa, pá, mas comprar O JOGO só mesmo assim.
Prometo que passarei por aí no próximo dia 29 de Fevereiro
Martins
Prometo que passarei por aí no próximo dia 29 de Fevereiro
Martins
commented by 10/03/2006 10:04 da tarde
,
Puxa saco, à primeira quase toda a gente cai. À segunda só cai quem quer.
"Desculpa, pá, mas comprar O JOGO só mesmo assim.
Prometo que passarei por aí no próximo dia 29 de Fevereiro
Martins "
LOL
"Desculpa, pá, mas comprar O JOGO só mesmo assim.
Prometo que passarei por aí no próximo dia 29 de Fevereiro
Martins "
LOL
P.S.: Parabéns pelo blogue.