A folga - parte 2
quinta-feira, setembro 27, 2007
No momento em que recebi o telefonema passou-me pela cabeça que tudo não passava de um sonho. Os dois anos de quiosque passaram-me num ápice pela mente, revistos em milhares de imagens. “Tu queres ver que eu sonhei isto tudo durante a noite?”. Mas não.
Do outro lado insistiam:” Você pode passar aqui no seu quiosque?”. Eram 6 da manhã. Transferi-me da cama para a casa de banho e fixei o olhar no espelho. A coisa não era bonita de se ver. Banho: sim ou não? Apesar de poder vir a ser confundido com um potencial criminoso, ignorei o risco e o banho. Quem já me viu sem gel no cabelo ( contam-se pelos dedos de uma mão os que tiveram essa rara oportunidade) estará neste momento a deixar escapar um sorriso. E assim fui.
Chego ao local do crime e deparo-me com um grande aparato, digno de um recente triplo assassinato. Centenas de polícias, sirenes por todo o lado, helicóptero, corpo de intervenção e cães farejadores. Hmmmm… ok, estou a exagerar. Mas para o crime que ali se praticou, 2 carros de polícia e 5 agentes pareceu-me um pouco exagerado, não obstante tratar-se de um espaço comercial algo mediático.
O resto é simples de contar. Um bando de miudagem tinha feito asneirada na estação de comboios e fugiu, deixando abandonadas duas mochilas carregadas de gelados. A polícia encarregou-se de procurar a respectiva arca arrombada. Um crime invertido, portanto: primeiro descobre-se o produto roubado e só depois o local do crime.
Pela minha experiência de médico legista especialista em produtos alimentares congelados, os 20 Secret Cup e 18 Mini Milk (não havia muito mais por onde escolher) deixaram de ser gelados pelas 2 da manhã e perderam a vida entre as 3 e as 3 e meia.
Numa tentativa desesperada, para não lhe chamar outra coisa, os agentes ainda tentaram ligar os ex-gelados à máquina. Assim, quando abri a arca, depara-mo com duas mochilas pretas no seu interior. “Ora, então vamos lá contar os gelados, para apreender as mochilas”, diz um dos agentes. O outro já fazia as contas: “A 50 cêntimos cada gelado, isso dá um prejuízo de mais ou menos 300 euros”.
Há folgas assim.
Do outro lado insistiam:” Você pode passar aqui no seu quiosque?”. Eram 6 da manhã. Transferi-me da cama para a casa de banho e fixei o olhar no espelho. A coisa não era bonita de se ver. Banho: sim ou não? Apesar de poder vir a ser confundido com um potencial criminoso, ignorei o risco e o banho. Quem já me viu sem gel no cabelo ( contam-se pelos dedos de uma mão os que tiveram essa rara oportunidade) estará neste momento a deixar escapar um sorriso. E assim fui.
Chego ao local do crime e deparo-me com um grande aparato, digno de um recente triplo assassinato. Centenas de polícias, sirenes por todo o lado, helicóptero, corpo de intervenção e cães farejadores. Hmmmm… ok, estou a exagerar. Mas para o crime que ali se praticou, 2 carros de polícia e 5 agentes pareceu-me um pouco exagerado, não obstante tratar-se de um espaço comercial algo mediático.
O resto é simples de contar. Um bando de miudagem tinha feito asneirada na estação de comboios e fugiu, deixando abandonadas duas mochilas carregadas de gelados. A polícia encarregou-se de procurar a respectiva arca arrombada. Um crime invertido, portanto: primeiro descobre-se o produto roubado e só depois o local do crime.
Pela minha experiência de médico legista especialista em produtos alimentares congelados, os 20 Secret Cup e 18 Mini Milk (não havia muito mais por onde escolher) deixaram de ser gelados pelas 2 da manhã e perderam a vida entre as 3 e as 3 e meia.
Numa tentativa desesperada, para não lhe chamar outra coisa, os agentes ainda tentaram ligar os ex-gelados à máquina. Assim, quando abri a arca, depara-mo com duas mochilas pretas no seu interior. “Ora, então vamos lá contar os gelados, para apreender as mochilas”, diz um dos agentes. O outro já fazia as contas: “A 50 cêntimos cada gelado, isso dá um prejuízo de mais ou menos 300 euros”.
Há folgas assim.