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diário de um quiosque

O Pacheco Pereira tornou-se uma espécie de Ardinario da política [caracteres extra para não me estragar o template do blog]

Um presente Ardinário

domingo, dezembro 24, 2006

Desde que este blog foi criado, tenho recebido inúmeros emails a solicitar ajuda e conselhos sobre a abertura de um quiosque. Como as respostas que vou dando são praticamente as mesmas para todos, resolvi escrever este texto, esperando que seja uma ajuda valiosa para quem pretende iniciar-se neste negócio ardinário.

Antes de continuar, devo alertar que só ando nesta vida há ano e meio, e não o faço a full time, pelo que decerto não serei a pessoa ideal para responder às vossa dúvidas. De qualquer forma, aqui fica o meu testemunho.

Há 3 factores que considero cruciais na avaliação das potencialidades de um bom quiosque: a localização, a localização e... a localização. Ok, além destes 3 factores, também penso que a localização seja importante.
Não se inibam de instalar o quiosque numa esquina. Por alguma razão, as Carol... as senhoras da má vida o fazem: aproveitam a clientela de duas ruas perpendiculares.
O preço pedido para a venda de um espaço comercial é sempre justo, pelo menos até ao dia em que o vendedor se vê obrigado a baixá-lo por falta de interessados. Se um snack vende o café a 60 cêntimos e outro, 200 metros à frente, o faz a 50 cêntimos, e eu opto pelo primeiro, faço-o porque prefiro o café do primeiro, ou porque gosto mais do atendimento ou simplesmente porque não faço questão de andar 200 metros para poupar 10 cêntimos no café.

Se o quiosque for agente de euromilhões, totoloto, totobola e afins, óptimo. Há agentes que vivem só à custa disso. Se não for, tire o cavalinho da chuva. A livre concorrência não faz parte dos planos da Santa Casa da Misericórdia.

Faça contas. IVAs, IRSs, PCs, PECs são tudo despesas que geralmente chegam no pior momento. Prepare-se para deixar 200 euros no contabilista todos os meses. Um telefonema de 10 minutos custa-lhe 5 jornais. Use o e-mail, em casa. A luz é cara e a electricidade também. Um quiosque não precisa de gás. Nem de água. Aliás, se o quiosque está na rua, a água que cai lá de cima vai ser um dos seus maiores inimigos.

Anotem isto na primeira linha da lista de desvantagens: quem se mete no negócio de jornais e revistas fica com a vida semi encravada. Tirando o dia 25 de Dezembro, todos os dias há jornais, pelo que fechar o tasco ao Domingo não será uma ideia brilhante, e muito menos encerrar o estabelecimento durante 15 dias para poder gozar aquelas merecidas férias. Entregar o comando das operações ao funcionário, por muito competente que ele seja, é meio caminho andado para ________________.

Perder um cliente é muito fácil, e não será necessário grande esforço para o conseguir. Difícil é ganhar clientes. Por muita vontade que tenha, evite ao máximo expressões como “Xau, palhaço” ou “Lá vem este melga...”. O oposto também deve ser evitado. Desejar boas festas ao cliente fica bem, mas fazer-lhe festas na cara depois de uma venda acima dos 20 Euros dá mau aspecto e pode ser mal interpretado. Deixe de lado a máxima “O cliente tem sempre razão” e aja com “Em princípio, o cliente tem sempre razão”.

Estabeleça uma boa relação com os seus concorrentes. Mais tarde ou mais cedo vai precisar deles. E eles de si. Acordos de 10% de desconto nas vendas entre quiosques são perfeitamente normais.

Se tem mais de 60 anos, esqueça este negócio. Os volumes de jornais e revistas são pesados e o mais certo é ficar de cama ao 3º dia. Se tem entre 40 e 60 e o Benfica ganhou ao Manchester United no dia anterior, num jogo épico e inesquecível, peça ajuda ao vizinho para carregar os 100 Records e Bolas que lhe vão chegar.
Contar, apontar, amarrar, transportar, devolver e conferir as sobras é um processo semanal, duro e não contribui em nada para o seu intelecto. Mas vai ter que o fazer.

Para os mais distraídos, neste momento trabalho com duas distribuidoras de jornais e revistas – a Asco e a Chupista. (... pausa...). Estão a fazer-me sinal lá atrás... Como é que é?? Só existem estas duas distribuidoras? Não posso escolher outras? Ok. Então corrijo. Sou obrigado a trabalhar com as duas únicas distribuidoras no mercado... Ãh? E não posso optar por uma delas?... Ah, distribuem publicações diferentes... Ok. Então reforço. Neste negócio, se não trabalhares com estas duas distribuidoras, o melhor é mudar de ramo.

A Chupista é o Cavaco das distribuidoras: não tem dúvidas e raramente se engana. Quando se engana, corrige rapidamente. Sendo a distribuidora de grande parte das colecções, têm enormes dificuldades em fazer cumprir a remessa de algumas delas. Se há 4 clientes a fazer uma determinada colecção, geralmente só nos chegam 3 exemplares. Mesmo após alguns alertas, vão passar algumas semanas até que mandem as quantidades certas, e quando finalmente o fazem já 1 cliente desistiu da colecção.
Ao contrário do que se pensa, com a Chupista a venda à consignação é ligeiramente desvirtuada. Uma boa fatia das publicações é paga por inteiro antes de ser devolvida. É perfeitamente normal receber 4 exemplares do Autocatálogo 2004 em Dezembro de 2006, em más condições, a ser pago em Janeiro de 2007 e para ser devolvido (e creditado) em Março do mesmo ano.
Conferir a factura semanal da Chupista, digna do pior software do início dos anos 80, é um exercício chato, moroso e complicado. A boa notícia é que raramente se enganam.

A Asco é o pesadelo de qualquer quiosque. Se perguntarem a qualquer proprietário quais os principais inimigos da sua facturação, 90% responderá sem hesitar: o mau tempo e a Asco. Faltas nas remessas e enormes diferenças no crédito das sobras, a um ritmo alucinante, podem deitar abaixo o negócio em poucos meses. Diferenças de créditos de 100 Euros semanais são normais, pelo que há que fazer a reclamação, esperar o crédito na factura seguinte, conferir tudo novamente, re-reclamar o que não foi creditado e, com um bocado de sorte e paciência, esperar pela semana seguinte, e assim sucessivamente. Uma verdadeira dor de cabeça.
Curiosamente, este quiosque tem dois tipos de relação com a Asco na sua história: antes do blog e depois do blog. Antes do blog, a situação era a descrita no parágrafo acima. Depois do blog, como que por milagre, a coisa deu uma volta de... ora... 6 vezes 3... 18... vezes 10... 180... deu uma volta de 180 graus!
No espaço de uma semana recebi 3 vezes mais visitas do inspector que no último ano e meio. Nunca mais faltou um jornal. Os pedidos suplementares chegam em prazos decentes. Se há enganos no crédito de sobras, são a meu favor (!!!). Todas as semanas recebo um email onde se indica ao pormenor o que está ou não correcto na devolução de sobras. As quantidades solicitadas são alteradas imediatamente. Recebo mais exemplares do que aqueles indicados na guia de remessa. Um sonho! Se a Asco mudou assim tão radicalmente, em tão pouco tempo, em todos os postos de venda, desconheço. Por aqui... 5 estrelas.

Se tem dúvidas para avançar para o negócio, leia isto.
Em que outro tipo de negócio é que se recebem produtos na loja, todos diferentes em cada dia que passa? O DN de hoje vai ser sempre diferente do DN de ontem, o Record tem aquela capacidade inata de nos oferecer capas fantásticas, o 24 Horas não pára de nos surpreender com novos e impensáveis brindes, e há sempre pessoal de grande criatividade a escrever no diário da Maria. Depois... há o Público de 6ª feira e de Sábado, a Computer Arts, a World Soccer, a Atlântico, as newsmagazines, os títulos dos filmes porno, a capa da Maxman, o Courrier, a menina dos isqueiros e o suplemento de golfe do Expresso que dá sempre jeito para embrulhar sobras.

Se já está no negócio dos quiosques, há uma regra de ouro que deve seguir à risca, e que provavelmente poderá adoptar a qualquer outro ramo: se tem tempo para ler a Nova Gente de uma ponta à outra, sem que passe um cliente, está na altura de pendurar o letreiro “vende-se”.

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posted by ardinario, 12/24/2006 06:01:00 da tarde

9 Comments:

Boas festas!

Excelente retrato da vida penosa de um "quiosqueiro"... só faltou a parte divertida... um quiosque não é uma papelaria... saiba as diferenças e escolha...

Abraço,
commented by Anonymous Anónimo, 12/24/2006 6:40 da tarde  
Chat com audio, video e muito mais....
commented by Anonymous Anónimo, 12/24/2006 10:17 da tarde  
Feliz natal
Belo retrato da vida diária de um ardina!
A minha esposa trabalha no ramo e, desde já, confirmo todas as palavras escritas nesta posta! É realmente difícil gerir um quiosque/jornália! O Asco e o Chupista são realmente entidades de convivência extremamente difícil!

Boas festa para todos!!
commented by Anonymous Anónimo, 12/26/2006 2:03 da manhã  
Não penso abrir um negócio no ramo, mas muito sinceramente, foi dos melhores textos que li num blog, pelo menos nos últimos tempos. Lúcido, divertido, útil. 5 estrelas.

Boas festas, e continuação de bom negócio.
ó ardinário falaste em Nova Gente e lembrei-me: é verdade que a Grazia vai acabar? é que ninguém diria, tendo em conta o seu «sucesso»... ;)
commented by Anonymous Anónimo, 12/27/2006 8:59 da tarde  
Golias, confirma lá se a Asco melhorou assim da noite para o dia no último mês.

Luciano, ainda não me esqueci do jornal ;)

Zorro, é verdade, a Grazia lança amanhã o último número. São sempre tristes estas "mortes".
Não me parece que tenha melhorado por estas bandas... Massamá não confirma melhoras...

O texto está excelente e veridico e so quem sente isto pode saber o que realmente é...
commented by Blogger bgvp, 1/13/2007 4:09 da tarde  
Obrigada pelas gargalhadas que me fez dar!...
Acredite que adorei.
Boa sorte.
commented by Anonymous Anónimo, 5/03/2007 8:40 da tarde  

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